sexta-feira, 13 de abril de 2012

CARTA À IGREJA DE ESMIRNA, 2.8-11

CARTA À IGREJA DE ESMIRNA, 2.8-11

1. Destino (2.8a)

Esmirna concorria com Éfeso pela honra de ser chamada “a principal cidade da Asia” e a “metrópole”. Assim, ela logicamente vem em segundo lugar na lista aqui. A cidade, chamada “a Beleza da Asia”, estava situada na ponta do bem protegido golfo, com um excelente porto. Ela se aproximava de Efeso no que tange ao volume do comércio de exportação. Ela continua sendo uma grande cidade, a única das sete que atualmente é próspera. Hoje, “os figos de Esmirna” são vendidos em todo o mundo.

A igreja lá foi aparentemente fundada quando Paulo estava pregando em Éfeso (At 19. 10). Ela continuou sendo um forte centro eclesiástico por vários séculos. A Izmir moderna tem uma população de cerca de trezentos mil habitantes.

2. Autor (2.8b)

Cristo é aqui identificado como o Primeiro e o Último. Já encontramos essa expressão em 1.17. Ele então é descrito como Aquele que foi morto e reviveu, ou “que esteve morto e tornou a viver” (ARA). Isso também lembra 1.18: “fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre”. A referência claramente é à crucificação e ressurreição de Cristo.

Mas essas palavras tinham uma relevância peculiar na carta à igreja de Esmirna.
Porque essa cidade havia morrido e tornou a viver. Strabo diz que os lídios destruíram o lugar e por cerca quatrocentos anos não houve cidade ali, apenas algumas vilas espalha- das. Ramsay observa: “Todos os leitores de Esmirna certamente seriam sensibilizados à
impressionante analogia com a história primitiva de sua própria cidade”.

3. Aprovação (2.9)

Mais uma vez Cristo diz: Eu sei. Essas palavras descrevem tanto conforto quanto advertência. A palavra obras não está no melhor manuscrito grego. Duas coisas são mencionadas: tribulação e pobreza. Aparentemente, tribulação gerou pobreza (cf. v. 10).
Hebreus 10.34 diz: “Porque também vos compadecestes dos que estavam nas prisões
e com gozo permitistes a espoliação dos vossos bens, sabendo que, em vós mesmos, tendes nos céus uma possessão melhor e permanente”. Em uma situação semelhante em Esmirna, parece que bandos judeus e pagãos estavam saqueando a propriedade dos cristãos.

A palavra grega para tribulação (thlipsis) é forte, significando “pressionado” ou
“espremido”. Tribulação vem do latim tribulum, que significa uma debulhadora, usada para debulhar os grãos. Assim, temos duas figuras. A palavra grega sugere a figura de um lagar, no qual o suco das uvas era espremido. A palavra latina transmite a figura do grão sendo batido com urna vara, para tirar os grãos da casca. Juntos, eles sugerem a natureza da tribulação. E uma questão de pressão e golpes.

Embora exteriormente a igreja em Esmirna fosse caracterizada pela pobreza, ela
era, na verdade, rica. Materialmente pobre, espiritualmente rica — essa combinação é
observada mais de uma vez no Novo Testamento.
Jesus também conhecia a blasfêmia dos que se dizem judeus e não o são. Paulo escreveu aos Romanos: “Porque não é judeu o que o é exteriormente [..] Mas é judeu o que o é no interior” (Rm 2.28-29). Esses perseguidores em Esmirna eram judeus por raça e religião, mas não eram verdadeiros filhos de Abraão. Que os judeus perseguiram os cristãos é amplamente evidenciado no livro de Atos, bem como nos escritos do segundo século de Justino, o Mártir, e Tertuliano.

Os judeus odiavam de uma maneira especial os convertidos do judaísmo ao cristianismo. Ao se opor ao evangelho, eles com freqüência recorriam à blasfêmia (cf. At 13.45). A palavra grega blasphemia significava “difamação” quando dirigida aos homens, mas blasfêmia quando dirigida a Deus. Aqui provavelmente significava as duas coisas.

A história do martfrio de Policarpo em Esmirna é especialmente relevante. Os judeus chegaram a superar os pagãos em seu ódio e zelo. Eles acusaram Policarpo de hostilizar a religião do estado. Esses inimigos, “com uma ira incontrolável gritavam em alta voz: ‘Esse é o mestre da Asia, o pai dos cristãos, o demolidor dos nossos deuses, que ensina a muitos que não se deve sacrificar nem adorar’“. Embora fosse num sábado, eles juntaram madeira para queimar Policarpo vivo.

A luz dessa atitude hostil não é de surpreender que os judeus sejam chamados de a sinagoga de Satanás. Por causa da oposição dos judeus, os cristãos evitaram o uso da palavra sinagogue e preferiram ecciesia (gr., assembléia) para suas congregações. O único texto no Novo Testamento em que sinagogue é usado para identificar uma assembléia cristã se encontra em Tiago 2.2. Isso pode ter sido escrito antes que a perseguição judaica aos cristãos se tornasse generalizada.

E uma coincidência interessante que a expressão sinagoga de Satanás ocorra somente aqui e na carta à igreja de Filadélfia. Essas são as duas únicas cartas sem uma palavra de censura. Assim, na mensagem a essa igreja passamos diretamente da aprovação para a exortação.

4. Exortação (2.10)

A igreja em Esmirna é admoestada: Nada temas das coisas que hás de padecer. Coisas piores aguardavam essa congregação: Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados. Isso mostra que os judeus se uniriam às autoridades pagãs na perseguição. Ambos seriam instigados pelo diabo. Era ele que, em última análise, lançava os cristãos na prisão. Tentados significa “testados”. O verbo grego era usado para testar metais no fogo, para certificar-se de que não apresentavam impurezas. Da mesma maneira, as almas dos crentes seriam testadas na fornalha da aflição.

A tribulação (perseguição) duraria dez dias. Essa expressão indica um breve período (cf. Dn 1.12, 14). Swete comenta: “O número dez provavelmente é escolhido porque, embora seja suficiente para sugerir a continuidade do sofrimento, ele aponta para um final que está se aproximando”. Deus cuidaria para que não sofressem acima do que poderiam suportar. Se fossem fiéis até à morte — provavelmente uma alusão ao martírio — receberiam a coroa da vida.

Apalavra grega para coroa não é diadema, significando coroa real, mas stephanos, a coroa do vitorioso. Apropriadamente, Estêvão (gr., Stephanos), o primeiro mártir cristão, tinha esse nome. Provavelmente, a frase coroa da vida significa que a coroa é vida eterna (genitivo epexegético).

5. Convite (2.11a)

Aqui novamente encontramos a exortação-convite: Quem tem ouvidos ouça o que
o Espírito diz às igrejas. A mensagem de advertência era necessária não só para os
crentes em Esmirna, mas para todos os cristãos em todos os lugares.

6. Recompensa (2. 11b)

A promessa para o vencedor aqui, como no caso de todas as sete cartas, é apropriada para a mensagem visando a uma igreja em particular. Mesmo se esses fiéis de Esmirna tivessem de sofrer morte física por causa de Cristo, eles nunca seriam feridos pela segunda morte — isto é, a morte espiritual. Essa expressão impressionante ocorre nova mente em 20.6, 14 e 21.8, onde ela é identificada como o lago de fogo, o lugar do castigo eterno. A frase também é encontrada nos Targuns judaicos (paráfrases aramaicas do Hebraico do AT). Não receberá o dano é negativo duplo no grego: “de modo nenhum”.

Tem sido sugerido (Pulpit Bible) que essa carta transmite “Palavras de Regozijo de um Salvador Reinante para uma Igreja Sofredora”: 1) Um Salvador vivo acima de todos
(v. 8); 2) Um Salvador vivo conhecendo tudo (v. 9a); 3) Um Salvador vivo avaliando a todos: tu és rico; 4) um Salvador vivo antevendo tudo (v. 10); 5) Um Salvador vivo limitando tudo: dez dias; 6) Um Salvador vivo encorajando a todos (v. l0a); 7) Um Salvador prometendo vida no fim de tudo (v. 10b).


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Comentário Bíblico Beacon

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